domingo, 4 de julho de 2010

Diário de viagem - dia 5


O que fazer, em Madrid, quando nos é permitido ter um dia de descanso depois de algumas actividades já realizadas, mas antes de iniciar a parte principal do trabalho? Eu diria que o melhor é deixarmo-nos levar pelo ritmo da cidade, que acorda ainda em estado de entorpecimento de uma noite de festa. Não ter horários a cumprir e se possível desligar das preocupações. Tudo se resume afinal em tirar partido de pequenos prazeres.

Por ter vivido já alguns anos nesta cidade não são os lugares mais turísticos que mais me atraem. Para além das livrarias a tendência é para revisitar locais que me eram familiares, como a zona do Azca, onde existe um pequeno centro comercial, muito pequeno, com óptimas lojas e poucas pessoas. Nos dias de calor é agradável pela cascata de água central e pelo sossego. Tem várias esplanadas interiores onde foi possível intervalar a realização de pequenas compras, com a leitura do El Pais, matando ao mesmo tempo a sede com horchata.

Se no Inverno adoro beber um chocolate quente, no Verão tenho a mesma paixão por uma orchata bem gelada. Às vezes, compro horchata em Portugal, em garrafas, mas não é igual à que podemos beber em Madrid. Aliás, este é uma bebida cuja confecção tem a sua época própria, uma vez que neste caso estamos a falar de uma horchata feita a partir de um determinado fungo. Em livros portugueses de culinária, antigos, é possível encontrar referências a este tipo de bebidas, feitas nomeadamente a partir de amêndoas. Talvez pelo facto do processo de fabrico ser um pouco trabalhoso acabaram por cair em desuso no nosso país.

Durante estes dias também nos tem sido proporcionado comer ao pequeno almoço pão regado com um fio de azeite e depois barrado com tomate triturado sem pele. Aliás, nos últimos estive na região de Jáen onde os olivais ocupam grandes extensões de terreno, estando mesmo a nascer uma indústria de turismo ligada ao azeite. Houve contudo um aspecto que me deixou um pouco preocupada como consumidora. Durante a nossa visita à zona mineira de Linares, onde antes se extraía chumbo, chamaram-nos a atenção para a existência de olivais muito perto de antigos filões e mesmo de minas abandonadas. Aliás, uma das minas que visitámos é agora utilizada para a produção de azeite. Claro que acredito existir um controle de qualidade certificado, por isso utilizarei totalmente descansada o azeite extra-virgem, com denominação de origem “Sierra Mágina” que me ofereceram em Linares.

E para terminar o dia só falta referir o excelente jantar de tapas na Sidreria Balmori à qual já anteriormente fiz referência. Desta vez, optámos por “huevos rotos com morcilla” e por uns “pinchos” de lombinho de porco com cebola confitada (excelentes), de queijo Cabrales e ainda de outras variedades. Claro que tudo isto acompanhado com “sidra”.


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