Um dia, já há muito tempo, incentivada por uma tia avó, a família deslocou-se do local onde estava a passar férias, em pleno mês de agosto, para as termas de Monte Real. A referida tia achava que deveríamos ir para um local mais agitado porque aquele onde estávamos era um tédio, nas suas palavras. Assim, fomos para Monte Real terminar as férias. Com expectativas, mas ao mesmo tempo com algumas reticências.
O destino, ou outra entidade qualquer, decidiu que as coisas iriam correr mal. A referida tia caiu no hotel logo no primeiro dia e partiu um braço. A partir daí foi o reboliço total. Era necessário montar um serviço de vigília à doente. O hotel por sua vez revelou-se uma catástrofe, sentimento aumentado pela nossa má vontade. Até hoje só recordo as moscas em quantidade incontrolável e um jantar de cabeças de linguado cozidas com batatas e verduras. Claro que no dia seguinte as férias terminaram e regressámos a Lisboa, jurando que nunca mais voltaríamos a Monte Real. A promessa foi cumprida durante muito tempo até que este ano resolvi enfrentar o trauma. E lá fomos descansar uns dias para as termas, sem fazer "termas" nem "spa". Apenas descansar. Ler, comer bem, passear, ... tudo aquilo que se faz quando estamos predispostos a acreditar que o tempo é infindável.
As moscas continuavam por lá. Zunindo e infernizando a vida de quem gostava de beber todas as manhãs uma água fresca no Café Central, enquanto lia o jornal. Depois reparámos que também elas tinham os seus dias. Certamente função da humidade e do calor. Mas na maior parte dos locais não existiam moscas. Pareciam ter encontrar no Café Central o seu local favorito, talvez pela parreira cujas ramagens tapavam parte da esplanada. Nunca desistimos deste café, nem as moscas de nós. Arranjámos uma estratégia. Despejávamos um pacotinho de açúcar no prato que vinha com a chávena de café. Deste modo elas ficavam entretidas durante algum tempo.
Aproveito também esta entrada para recomendar dois locais onde se come bem perto de Monte Real. O restaurante Rotunda na praia de Pedrogão, onde o peixe é muito fresco e onde preparam um arroz de grelos excepcional. Há apenas de ter em conta as perguntas que se fazem ao dono do restaurante o qual nunca deve ser questionado sobre a origem do peixe ou qualquer outro aspecto menos positivo. Tendo esse cuidado tudo correrá bem. Outra especialidade que descobrimos foi o leitão assado à moda da Boa Vista (perto de Leiria). Ficámos rendidos. Existem vários restaurantes nesta povoação onde se come o referido leitão, muito superior ao que se faz actualmente na Mealhada. E digo-o como apreciadora de leitão assado. Justifica uma deslocação a Leiria para ir comer leitão.
Nota: as fotografias seguintes foram tiradas no parque das Caldas da Rainha.