segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pequeno almoço no pomar





Amanhecer no campo alentejano. Saturação de luz que logo se transforma em matizes rosa. Horas de doce solidão até que o dia se instale em definitivo.

Primeiro ocorreu um pequeno almoço de fruta colhida na altura. A que restava do Verão e a que já estava madura: maçãs, tangerinas, uvas, pêras. Depois seguiu-se o pequeno almoço do chá, do pão, das compotas e do queijo holandês.



domingo, 22 de setembro de 2013

Sombras no pomar




 Há imagens que gostamos de guardar. Como estas que foram obtidas este fim-de-semana no Alentejo. Uma pérgula no meio de um pomar. E o sol, ainda oblíquo, nas primeiras horas do dia, desenhava as árvores de fruto nos pilares brancos. Momento fugazes.








quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Choquinhos à algarvia


Antes de preparar estes choquinhos fiz uma visita ao primeiro blog - A minha cozinha, que agora funciona como uma espécie de caderno de receitas online. Senti alguma nostalgia ao ler muitas das entradas que ali ficaram registadas, pensando nos momentos familiares a que estiveram associadas. Por isso, lembrei-me de transcrever um desses posts.

"Do linguajar de quem passa férias na Ilha de Faro faz, com frequência, parte a expressão 'ir ao choquinho'. Mas, para que esta actividade se possa exercer é necessário esperar pela confluência de uma série de condições físicas, as quais estão relacionadas com as fases da Lua (luminosidade e marés) e com a ausência de vento. Na prática, a situação ideal é a de uma noite de Verão com Lua Nova, maré vazia e sem vento. Depois de reunidas estas condições os 'pescadores' juntam os seus apetrechos: garfos de ferro de cabo longo, um balde de plástico e um foco de luz. A técnica é ir caminhando à beira mar, na babuja, procurando não provocar grande agitação: os choquinhos ao ficarem encadeados com o foco luminoso tornam-se presa fácil do garfo do 'pescador'. Este tipo de pesca, 'ao candeio', é actualmente proibida na Ria Formosa, mas a verdade é que quando as condições são propícias continuam a ser inúmeros os focos de luz que se avistam na ria. De qualquer modo, na forma mais tradicional, os seus efeitos nocivos para o ambiente são muito reduzidos, porque também é mínimo o produto da pesca. Recordo que o máximo que conseguíamos, depois de umas 2 horas de 'trabalho', apenas fornecia matéria prima para um aperitivo. Era mais o divertimento, por irmos em grupo e ocorrerem sempre muitas peripécias, do que propriamente os resultados obtidos.

Depois, chegando a casa estes eram entregues às mãos das cozinheiras!"

Choquinhos à algarvia
500 g de choquinhos pequenos; 6 dentes de alho; azeite; louro

 
Num tacho colocam-se a alourar os dentes de alho, pisados, no azeite. Junta-se-lhe as folhas de louro e os choquinhos. Tapa-se o tacho que se vai agitando de forma a que os choquinhos fritem por igual, tendo o cuidado para que não comecem a pegar ao fundo. Quase no final deita-se um pouco de sal.




quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Robalos no forno com tomilho limão



Simples é muitas vezes sinal de bom e por vezes também de rápido. Embora este último aspecto nem sempre lhe esteja associado. Basta ver as preparações do Chefe Eric Ripert para perceber que a simplicidade de alguns pratos implica muito trabalho prévio. Mas não foi este o caso.

Os robalos (pequenos) começaram por ser salgados e depois preenchidas as barrigas com tomilho limão. Por cima coloquei umas rodelas de limão como se vê na fotografia, reguei com um fio de azeite e no final deitei um pouco de água no fundo do pirex. Esta é a minha nova técnica para reduzir a quantidade de gordura e ao mesmo tempo evitar que o peixe fique seco.

À parte, num pirex igual, coloquei a assar uns pimentos untados com azeite e salpicados de sal, juntando-lhes nesta caso umas folhas de alecrim. Foi tudo junto ao forno (180ºC) durante cerca de 20 minutos.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Apontamentos de férias: a cozinha do Mosteiro de Alcobaça


 Com o mês de setembro já avançado, na enumeração dos dias, é altura de terminar estes apontamentos de férias. Assim, este será o último da série. É o registo de uma (re) visita à cozinha do Mosteiro de Alcobaça.

Pela informação recolhida no local os espaços actuais resultaram de obras efectuadas no século XVIII. Obras essas que revelam já cuidados especiais com algumas funcionalidades necessárias numa cozinha. Por exemplo, foi desviado o curso de um pequeno ribeiro para passar neste local, permitindo deste modo a existência de água corrente e uma maior higiene na preparação dos alimentos. Lateralmente ao espaço central onde se destaca a enorme chaminé e duas grandes mesas de pedra, existem também várioslocais destinados à lavagem dos vários produtos.

Mas para além destas questões,  a parte mais estimulante da visita é imaginar o que seria aqui confeccionado. E nesse exercício sou conduzida aos "Apontamentos de cozinha" de Leonardo da Vinci, obra anterior no tempo a esta reforma e que provavelmente nem terá sido escrita por este autor. Mas seja qual for a sua origem verdadeira ela evidencia os vários problemas que foi necessário resolver até chegar à versão actual de cozinha. E estou a pensar num país europeu e num apartamento de cidade destinado à classe média. Quantas melhorias e quantas facilidades!

Por certo, este foi um local onde se assaram peças de caça ou de animais domesticados. Onde se fizeram compotas e geleias com a fruta da região, e, onde os ovos e o açúcar foram usados em profusão para produzir alguns dos doces que hoje fazem parte do património designado por doçaria conventual.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Apontamentos de férias: Sesimbra, farinha torrada, praia e peixe assado



 Gosto de praias vazias. Às primeiras horas da manhã. Quando as gaivotas ainda descansam no areal. Neste momento as nossas pegadas começam a cruzar as destas aves. Passado pouco tempo serão as da espécie humana a dominarem tudo. É a evolução percepcionada num curto espaço de tempo. A sintonia com a natureza é mail fácil de ser conseguida a esta hora. Sem esquecer porém os banhos de final de tarde. De preferência em setembro quando a luz é mais suave. Sentir no corpo o fluxo de vai e vem da maré que ora nos arrasta para terra, ora para o mar. Procurar encontrar o equilíbrio entre forças fisicamente opostas. Também esses são momentos especiais a guardar para o resto do ano.

No resto do tempo, entre o amanhecer e o anoitecer, faz-se o normal. Por exemplo, no caso de Sesimbra podemos provar uma especialidade local - Farinha Torrada. Comecei por me aperceber da sua existência no buffet de pequeno almoço do hotel. Intrigou-me o aspecto. Provei. Achei muito doce. Mas acabei por ir buscar outro quadrado. No dia seguinte voltei a repetir e soube-me ainda melhor. Nessa altura já tinha descoberto que a Farinha Torrada tinha origem numa espécie de barras energéticas que os pescadores levavam para o mar em tempos recuados. Hoje sofreu alterações para estar mais de acordo com os nosso paladar. Por sua vez eu ainda introduzi mais alterações na receita que encontrei no blog -  Diário da Cozinha. Na minha versão ficou assim:

- 250 g de farinha
- 250 g de açúcar mascavado
- 1 limão (casca ralada)
- 1 colher de sobremesa de canela
- 75 g de chocolate preto 70% cortado com uma faca aos bocadinhos (Lindt para cozinha)
- 3 ovos
- 125 gr de mirtilos

Depois de tudo misturado coloquei num tabuleiro de 25 x 18 cm, forrado com papel vegetal de cozinha. Salpiquei com farinha e levei ao forno (180ºC) cerca de 20 minutos. No final, retirei e coloquei a arrefecer sobre uma grelha. Só depois de frio é que cortei os quadrados.  O resultado é delicioso. De tal forma que já os coloquei todos numa caixa para os oferecer. Induzem o pecado muito facilmente. Irei pensar numa receita mais dietética sem adulterar muito o sabor.
 
Mas não só de doces se pode viver e em Sesimbra o peixe grelhado é obrigatório. Deixo a referência a um restaurante, frente à Doca de Pesca, onde comi um salongo excelente. Será um local a regressar em breve.





quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Apontamentos de férias: termas, sestas, moscas e uns almoços reconfortantes



Um dia, já há muito tempo, incentivada por uma tia avó, a família deslocou-se do local onde estava a passar férias, em pleno mês de agosto, para as termas de Monte Real. A referida tia achava que deveríamos ir para um local mais agitado porque aquele onde estávamos era um tédio, nas suas palavras. Assim, fomos para Monte Real terminar as férias. Com expectativas, mas ao mesmo tempo com algumas reticências.

O destino, ou outra entidade qualquer, decidiu que as coisas iriam correr mal. A referida tia caiu no hotel logo no primeiro dia e partiu um braço. A partir daí foi o reboliço total. Era necessário montar um serviço de vigília à doente. O hotel por sua vez revelou-se uma catástrofe, sentimento aumentado pela nossa má vontade. Até hoje só recordo as moscas em quantidade incontrolável e um jantar de cabeças de linguado cozidas com batatas e verduras. Claro que no dia seguinte as férias terminaram e regressámos a Lisboa, jurando que nunca mais voltaríamos a Monte Real. A promessa foi cumprida durante muito tempo até que este ano resolvi enfrentar o trauma. E lá fomos descansar uns dias para as termas, sem fazer "termas" nem "spa". Apenas descansar. Ler, comer bem, passear, ... tudo aquilo que se faz quando estamos predispostos a acreditar que o tempo é infindável.

As moscas continuavam por lá. Zunindo e infernizando a vida de quem gostava de beber todas as manhãs uma água fresca no Café Central, enquanto lia o jornal. Depois reparámos que também elas tinham os seus dias. Certamente função da humidade e do calor. Mas na maior parte dos locais não existiam moscas. Pareciam ter encontrar no Café Central o seu local favorito, talvez pela parreira cujas ramagens tapavam parte da esplanada. Nunca desistimos deste café, nem as moscas de nós. Arranjámos uma estratégia. Despejávamos um pacotinho de açúcar no prato que vinha com a chávena de café. Deste modo elas ficavam entretidas durante algum tempo.

Aproveito também esta entrada para recomendar dois locais onde se come bem perto de Monte Real. O restaurante Rotunda na praia de Pedrogão, onde o peixe é muito fresco e onde preparam um arroz de grelos excepcional. Há apenas de ter em conta as perguntas que se fazem ao dono do restaurante o qual nunca deve ser questionado sobre a origem do peixe ou qualquer outro aspecto menos positivo. Tendo esse cuidado tudo correrá bem. Outra especialidade que descobrimos foi o leitão assado à moda da Boa Vista (perto de Leiria). Ficámos rendidos. Existem vários restaurantes nesta povoação onde se come o referido leitão, muito superior ao que se faz actualmente na Mealhada. E digo-o como apreciadora de leitão assado. Justifica uma deslocação a Leiria para ir comer leitão.

Nota: as fotografias seguintes foram tiradas no parque das Caldas da Rainha.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Apontamentos de férias: "Vintage Foz Club" na Foz do Arelho



As férias levam-nos muitas vezes a locais há muito não visitados. Daqueles que ficaram cristalizados em cantos da nossa memória. Fomos lá um dia, há muitos, muitos anos. Nunca mais lá voltámos. Sem qualquer razão. Apenas aconteceu. Por isso, as recordações daqueles espaços normalmente já não se encaixam na realidade. A Foz do Arelho é para mim um exemplo desse tipo de situações. As imagens que tenho já não representam nada que exista, ou pelo menos eu não consegui identificar os locais onde antes tinha estado.

Para memória futura, ficou agora a visita a um restaurante de moda, aberto há poucos meses: o Vintage Foz Club. Um espaço muito agradável onde tivemos um almoço suportado numa vasta oferta de petiscos. Propício ao encontro com amigos e ao recordar de outras histórias, e, acima de tudo, ao colocar em dia conversas, que durante o ano de trabalho acabam por por não acontecer. Assim aconteceu no final de Agosto, com tempo e boa disposição para saborear os vários petiscos.



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Apontamentos de férias: a "Casa da Nora" em Cortes (Leiria)



As férias ainda não terminaram mas já é possível fazer um registo dos locais mais agradáveis por onde andámos. Conta não só o espaço, mais ou menos idílico, como a qualidade do que nos serviram. Por isso vale a pena referir a "Casa da Nora" em Corte, muito perto de Leiria. Já tinha encontrado referências a este restaurante em alguns guias. Ficámos contudo a saber que Cortes é uma aldeia conhecida, para além de outros aspetos, pelos seus restaurantes. Visitámos também o "Pião" onde comemos divinalmente por um preço bastante acessível.


No que se refere à "Casa da Nora" há a destacar não só a localização, à beira de um pequeno rio, como a qualidade do que servem. As escolhas podem não ter recaído sobre pratos de grande originalidade, mas qualquer deles, tanto o bacalhau com crosta de broa como o cozido à portuguesa, estavam bem confecionados e os produtos usados eram de excelente qualidade. Nos doces destaco um sorvete de maçã verde que me soube muito bem no final da refeição. Um sítio a regressar!