segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Retalhos de sol sobre caracóis de pêra rocha

Depois de muitos fins-de-semana atribulados tive direito a uns retalhos de sol, que também deu vida a uns caracóis recheados com pêra rocha cozida, aromatizada com canela. Simplicidade na preparação e na forma de apresentar. A doçura foi apenas a da fruta e a consistência suave da massa veio da introdução da ricotta. Em termos visuais apeteceu-me dar-lhe um ar campestre, com a introdução de cestos de vime que deixam passar retalhos da luz intensa do meio-dia, num jogo de sombras que gostei de captar.

A receita da massa foi recolhida no blogue da Babette. Fácil de fazer e com pouca gordura. Bastou misturar 300 g de ricotta com 200 g de farinha, acrescentando uma pitada de sal refinado. Deixei a massa repousar enquanto preparei o recheio a partir de 8 pêras rochas, descascadas e cortadas aos bocados. Coloquei-as a cozer num pouco de água durante 15 minutos. Ao fim desse tempo a água tinha sido praticamente absorvida e os pedaços de pêra, ainda rijos, adquiriram uma bela coloração dourada nas arestas. Foi o momento ideal para juntar um pouco de água e deixar ferver mais 10 minutos. No final, esmaguei as pêras, mas sem as deixar em creme.

Por fim, estendi a massa numa superfície enfarinhada, dando-lhe a forma de um rectângulo. Coloquei por cima o recheio já frio, tendo o cuidado de deixar um pequeno espaço vazio na margem. Salpiquei com canela de forma abundante. Enrolei com cuidado e depois cortei troços do rolo que coloquei numa tarteira untada de manteiga. Por cima enterrei uns arandos secos e para terminar pincelei com gema de ovo. Foi ao forno 15/20 minutos a 200ºC.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Empadão de arroz com carne de porco

De criança com falta de apetite crónico, a quem obrigavam a ingerir os mais variados elixires xaroposos, como meio de resolver a enorme relutância por tudo o que era comida, com excepção de leitão assado, tornei-me numa consumidora quase que diria compulsiva de tudo o que é comestível. Não sei como os meus pais tiveram paciência para tanta "falta de apetite". A certa altura atingiram um ponto de resignação e já aceitavam determinadas extravagâncias só para que ingerisse alguma coisa. Pois é exactamente a esse período obscuro da minha relação com a comida que fui resgatar este empadão de carne feito com arroz. Claro que hoje adoro o referido empadão. Talvez tenha agora mais papilas gustativas que teria à época! Enfim, desperdicei muitas coisas boas que me passaram pelo prato, por isso ando a tentar recuperá-las.

Para esta receita comecei por cozer uma chávena grande de arroz num caldo de legumes. Gosto em particular do arroz carolino Bom Sucesso, da Companhia das Lezírias, por ser bastante gostoso. Infelizmente só o consigo encontra no supermercado do El Corte Inglés.

À parte, fritei em azeite e alho meia dúzia de bifes pequenos de porco preto de produção biológica. Juntei-lhes uma embalagem de cogumelos portobello cortados às fatias. Para dar mais gosto adicionei um pouco de Vinho do Porto. Depois de frios cortei os bifes com uma faca e coloquei-os na picadora em conjunto com os cogumelos. Ao picado que obtive adicionei 2 colheres de sopa de picles de manga (picantes) e 3 colheres de sopa de molho de tomate.

Numa assadeira coloquei uma camada de arroz e a seguir o recheio de carne. Terminei com o resto do arroz que pincelei com gema de ovo. Para animar coloquei ainda umas rodelas de salpicão muito fininhas. Foi ao forno cerca de 20 minutos.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Biscoitos, chá e bricolage

No último fim-de-semana tive oportunidade de fazer alguns trabalhos de bricolage que me deram imenso prazer. Tudo aconteceu por acaso. Comecei por encontrar em casa dos meus pais um tronco seco que iam deitar fora. Pensei de imediato que ficaria bem na minha secretária, mas como já tenho outros elementos deste tipo em tom natural no escritório, tive a ideia de o pintar de branco. Isso deu-me a oportunidade de deambular um pouco pelo centro histórico de Oeiras, com a desculpa de ir comprar a lata de tinta branca em spray. No caminho descobri uma loja que tinha na montra uns bules de chá em cerâmica, cujas pegas tinham sido envolvidas em tirinhas de tecido de várias cores. Daqui surgiu nova ideia para resolver o problema de um bule cuja asa de bambu se estava sempre a soltar. Gostei dos resultados que obtive nestes pequenos projectos de reciclagem, e, acho que os dois se casam bem. Assim, hoje serviram de cenário a uma pausa no trabalho para beber um chá verde aromatizado com baunilha.

Quanto aos biscoitos são uma receita muito light, necessários para aplacar fomes repentinas. Como ingredientes utilizei:

- 1 1/2 chávenas de chá de farinha espelta
- 1/2 chávena de cacau magro em pó
- 1 chávena de farinha de arroz integral
- 4 colheres de chá de sementes de aniz (erva doce)
- 1 1/2 chávenas de leite magro
- 1 ovo
- 2 colheres de chá de essência de baunilha
- 1 colher de chá de fermento

Coloquei colheres de massa num tabuleiro forrado de papel vegetal, arredondando-as com a ajuda de uma colher. Salpiquei com sementes de linhaça e levei ao forno entre 8 a 10 minutos a 200º C.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sopa de lentilhas aromatizada com pasta de caril verde

Uma sopa daquelas em que a colher fica em pé num fundo de flores coloridas a lembrar a primavera, parecerá certamente algo contraditório. Deverá ser o cansaço de um inverno que não dá sinais de querer terminar.

Quanto à sopa era bastante reconfortante. A não necessitar de mais nenhum acompanhamento. Adoro estas sopas de lentilhas enriquecidas com vegetais. Nesta versão utilizei:

- 1 chávena de chá almoçadeira de lentilhas (vulgares)
- 1 lata pequena de tomate
- 2 cebolas picadas
- 3 cebolas frescas com rama (picadas)
- 1/2 pimento vermelho picado
- 1 folha de louro
- 4 nabos pequenos em cubos
- 1/2 cougette sem casca partida aos cubos
- 1 colher de sopa de pasta de caril verde tailandês
- sal q.b.

Coloquei todos estes ingredientes numa panela, juntei água, e deixei ferver cerca de 40 minutos, tendo adicionado mais um pouco de água sempre que havia necessidade. A pasta de caril verde foi comprada na loja gourmet de produtos asiáticos, perto do Saldanha (Lisboa), que refiro noutra entrada. Embora muito picante, não uma mistura agressiva para o estômago.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pizza de couves pak-choi

Uma rodela de massa estendida em cima de um tabuleiro pode ser o equivalente a uma tela para um pintor. Sabemos que existem alguns princípios básicos na preparação das superfícies a pintar. No caso das pizzas uma camada de molho de tomate bem distribuída por todo o espaço, na pintura existem também bases variáveis em função do tipo de tintas. Mas tanto num caso como noutro o que interessa é que depois se parta livremente à procura dos melhores efeitos, seja através das nuances de cor, seja pela procura de novas texturas. Neste caso, tive apenas uma condicionante, o resultado deveria ser uma pizza saudável, com pouca gordura saturada e muitos vegetais.

No final, aprecia-se com o olhar, absorvendo neste caso os contrastes de cores e a simetria, e comem-se, sem pecado enormes fatias de pizza, as quais foram cortadas em sítios estratégicos para ir ao encontro dos sabores que preferimos no momento. É a festa da cor num inverno chuvoso.

Para a massa utilizei:

- 250 g de farinha
-11 g de fermento de padeiro granulado (1 pacote)
- 2 dl de água morna
- 2 colheres de sopa de azeite
- sal refinado

Depois de tudo amassado deixei levedar cerca de 2 horas numa tigela de cerâmica coberta com um pano de cozinha. Ao fim desse tempo retirei a massa e com a ajuda de mais um pouco de farinha voltei a amassá-la e a transformá-la numa bola que depois deu origem ao círculo de massa que estendi em cima de papel vegetal no próprio tabuleiro do forno.

As couves pak-choi foram cortadas em quatro, no sentido longitudinal, lavadas muito bem e depois passadas em azeite e alho durante 5 minutos. Realizei o processo com cuidado para que se mantivessem inteiras. Por outro lado cortei abóbora em fatias finas, assim como pastinacas que coloquei no forno com azeite, vinagre balsâmico e sal. Deixei assar 20 minutos a 200º C.

No final, montei a pizza, colocando uma camada de molho de tomate a cobrir a superfície da massa e depois distribui os diversos vegetais. Sobre as pastinacas coloquei pedacinhos de queijo de cabra fresco Petit Billy, um queijo com pouca gordura e bastante sabor. Por último, polvilhei toda a pizza com um pouco de queijo emmental ralado. Levei ao forno cerca de 15 minutos. Tive um certo receio de a retirar do tabuleiro do forno por ser tão grande, motivo pelo qual foi à mesa desta forma.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pernas de frango no forno com tempero de caril

Esta receita foi inspirada numa outra que encontrei no blogue As minhas receitas. Resolvi fazer algumas adaptações em função do que tinha disponível e introduzir logo alguns dos acompanhamentos. Tenho estado a usar umas pêras rocha que são um bocado "agrestes", quando comidas ao natural, mas ficam excepcionais assadas.

Comecei por barrar as duas pernas de frango de campo com uma pasta feita com 2 colheres de chá cheias de massa de alho, 2 colheres de chá de caril e 2 colheres de chá de molho teryaki. Coloquei no prato de ir ao forno as pêras e metades de beterrabas pequenas de origem biológica. Reguei com um fio de azeite e deixei a tomar gosto 2 horas. A seguir foi ao forno uma hora com o tabuleiro coberto com papel de alumínio, tendo depois retirado a cobertura e deixado cozer mais 10 minutos para o frango dourar.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Creme de cogumelos e pastinacas

Para terminar a ementa do jantar de segunda-feira só faltava mesmo fazer referência à sopa. Neste caso tratou-se também do revisitar de uma receita que faço muitas vezes - creme de cogumelos. Só para além da courgette e dos cogumelos portobello também adicionei pastinacas o que ajuda a suavizar o creme. Aliás, é importante escolher courgettes jovens e se possível de origem biológica, uma vez que aproveitamos a pele. Caso contrário podemos obter uma sopa com um sabor um pouco amargo.

Neste tipo de sopas gosto de adicionar no final creme de aveia, mas uma amiga chamou-me a atenção para o facto de algumas marcas deste produto conterem óleo de palma. Na última vez que fui ao BRIO estive atenta a este pormenor e mudei para uma outra marca do mesmo produto que me pareceu mais oferecer melhor qualidade. Claro que podemos substituir por "natas" de soja ou por produtos idênticos, praparados a partir de arroz ou mesmo espelta.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pizzas de pão pita com legumes assados


O desafio que enfrentei na segunda-feira foi o de preparar um jantar agradável apenas com aquilo que tinha em casa, sem necessitar de ir ao supermercado. A situação recorda-me, com as devidas diferenças, o concurso Top Chef na sua versão francesa, que é a minha preferida. Foi necessário improvisar, mas procurei introduzir aspectos inovadores. Tudo isto confluiu na realização de pequenas pizzas a partir de pão pita já preparado.

Comecei por assar no forno fatias de abóbora hokaido (potimarron) e chalotas frescas com rama. Coloquei-as num tabuleiro depois de arranjadas e reguei com um fio de azeite, outro de vinagre balsâmico e deitei por cima uns salpicos de flor-de-sal. Deixei assar durante 30 minutos.

A seguir comecei a preparar as pizzas, colocando primeiro uma camada de molho de tomate e a seguir os legumes assados. Terminei com pedacinhos de queijo de cabra fresco Petit Billy e com umas folhinhas de tomilho. Levei-as ao forno cerca de 15 minutos, isto é, o tempo suficiente para aquecer o pão.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Como "Espera maridos" rima com livros de cozinha


Hoje não são apenas os produtos esquecidos que voltam a ser recordados, são também as receitas que faziam parte do reportório das nossas mães e avós. No meu caso apenas tenho como referência a minha mãe, uma vez que quanto às avós nenhuma delas era portadora de grandes dotes culinários. Se formos vasculhar cadernos antigos encontramos um receituário em desuso. Ou por estar baseado em grandes quantidades de ovos, açúcar e gorduras, que agora consumimos de forma mais moderada, quer por razões estéticas ligadas a formas de apresentação, ou mesmo, pela invasão de outros saberes culinários que reformularam práticas mais ou menos enraizadas. Julgo que devemos encarar essa evolução com naturalidade, embora procurando conhecer-lhe os motivos e as direcções para as quais estamos a ser conduzidos.

O "Espera maridos" que antes era sobremesa frequente em dia de visitas inesperadas encontra-se quase esquecida nos cadernos das nossas mães. Provavelmente pela designação desta "sobremesa de colher", terminologia que antes se aplicava para este tipo de doces, sempre me despertou interesse, porque fica a pergunta no ar - porquê o nome "espera maridos"? Será que funciona como uma espécie de armadilha ao atrair incautos, que ao tombarem nesta espécie de poção mágica são incapazes de se libertarem da nuvem doce em que foram envolvidos e terminam no altar ou no registo civil? Por tudo isto achei ser a sobremesa adequada para o dia dos namorados.

Neste caso um "espera maridos" que foi preparado para alguém que com muita frequência chega a casa com um presente dentro da pasta, que eu já adivinho do que se trata mesmo antes de desembrulhar - um livro de cozinha. É assim que a minha biblioteca vai crescendo e invade espaços, em pilhas que se misturam com as das revistas continuamente revisitadas. Foi também num livro, no da minha mãe, que encontrei a receita deste "espera maridos".

Bate-se com uma vara de arames 6 gemas com 7 colheres de sopa cheias de açúcar. Leva-se a lume brando e quando começa a espessar junta-se um cálice de Vinho do Porto. Deixa-se espessar de novo e depois desliga-se o lume para arrefecer. Por fim, batem-se as claras em castelo e com todo o cuidado, envolvem-se no creme e no final coloca-se em taças. Polvilham-se de canela e deixam-se no frigorífico até ao momento de servir. Depois é só comer docemente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos namorados - memórias para o futuro


O que é precioso guarda-se em gavetas, caixas de madeira perfumada, taças de vidro, no aconchego das dobras de um lenço branco, num saquinho de linho bordado, ... porque são estes pequenos objectos, que passados anos, têm o poder de desatar os nós da nossa memória. O dia dos namorados é um momento propício para os recuperar dos seus recônditos esconderijos e voltar a dar-lhes vida, num jantar a dois à luz das velas, cuja ementa será desvendada nos próximos dias.


sábado, 12 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tarte de pêra em duas dimensões

Esta tarte faz-me lembrar as tartes flambé alsacianas, que se assemelham a uma pizzas muito fininhas, cobertas na sua forma mais clássica por cebola cortada e passada por manteiga e bacon. Há quem diga que lhes falta uma terceira dimensão, a qual lhes daria maior volume e maior capacidade de saciarem os esfomeados. Também esta minha tarte de pêra ficou assim - a duas dimensões. O meu objectivo era aproveitar uma massa folhada em fim de validade e ao mesmo tempo fazer uma sobremesa rápida. E porque acho que a beleza se encontra na ruptura das simetrias resolvi deixar uma das pêras com o pé a assinalar a singularidade da tarte, que foi comida quase tão rapidamente como foi preparada.

Comecei por colocar a massa folhada, comprada no Brio e com muito pouca gordura saturada, na placa do forno. Por cima coloquei fatias finas de pêra rocha bastante finas, que consigo obter com a utilização de uma faca de cerâmica. Polvilhei com um pouco de açúcar amarelo e de canela, regando depois com mais um fio de xarope de agave. Levei ao forno cerca de 8 minutos e ficou pronta para o jantar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pão com flocos de quinoa e geleia de agave

Já há muito tempo que não utilizava a máquina de fazer pão. Ontem fui buscá-la ao armário em situação de emergência. Não tinha pão em casa e não tinha tempo para ir comprar. Poderia te seguido outro método, mas a máquina tem a vantagem de cuidar de tudo. Apenas necessitamos de tirar o pão depois no último apito. Quando tiver oportunidade também experimentarei a receita que a Babette colocou hoje no seu blogue. Aliás, já há uns tempos trocámos informações sobre este método e na altura fiz um pão rústico, com bastante sucesso.

A semana passada tinha comprado uma fatia de pão com quinoa no supermercado Brio de Carnaxide. Gostei bastante do sabor e da textura, por isso resolvi experimentar a seguinte mistura de ingredientes:

- 1 1/2 chávena de água
- 4 colheres de sopa de leite em pó magro
- 2 colheres de sopa de geleia de agave
- 1 colher de café de sal refinado
- 4 colheres de sopa de azeite
- 2 chávenas de farinha de trigo T55 (bio)
- 1 chávena de farinha de trigo integral
- 1 chávena de flocos de quinoa
- 2 colheres de chá de fermento granulado para pão

Depois de todos os ingredientes serem colocados na máquina por esta ordem foi só colocá-la a trabalhar e aguardar 3 horas para o pão estar pronto. Ficou muito saboroso e com uma linda cor de tal modo que o saco de pão que entretanto o meu marido tinha comprado, acabou no congelador.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma espécie de lasanha

Um almoço de última hora, cuja classificação coloca diversos problemas. Da lasanha apenas tem a massa e o molho de tomate. tudo o resto foram variações. Porém, gostei do aspecto final e acima de tudo estava saborosa.

O recheio teve origem numa perna de peru assada que não teve honras de blogue. As sobras, junto ao osso, foram cortadas em lasquinhas fininhas. À parte, misturei um frasco de molho de tomate já preparado (bio), com 2/3 de pacote de creme de aveia para cozinha e com 1/2 chávena de molho tailandês entre o doce e o picante. Coloquei uma camada no fundo e a seguir as tiras de massa. Nova camada de molho e novas tiras de massa. Depois foi a a vez da carne e logo de seguida mais duas camadas de massa alternadas com o molho. O que sobrou deitei por cima no final, para deixar a massa com bastante líquido. Terminei com uma camada de espargos verdes e um pequeno fio de azeite.

Começou por ir ao forno (200ºC) durante 20 minutos, com o tabuleiro tapado com papel de alumínio. Depois seguiram-se outros vinte minutos sem cobertura, findo este período retirei do forno e espalhei por cima queijo emmental ralado. Seguiram-se mais 5 minutos no forno para o queijo derreter.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Bebe-se chá ...


Num pequeno pedacinho de papel de jornal tomei nota há alguns anos de uma frase que me tocou de forma particular - "Bebe-se chá para esquecer o ruído do mundo". Cada vez que preparo um chá tenho a sensação de estar a ganhar tempo de qualidade. Tempo de reflexão e de lazer. Um bem que na nossa sociedade continuamos a desprezar. Embora por estes dias o livro de Serge Latouche, Pequeno tratado do decrescimento sereno, tem-me mostrado que também podem existir outras formas de pensar a nossa relação com a natureza, e, neste caso estas visões nem provêm de naturalistas mas sim de economistas.

A nossa cozinha, entendo aqui este termo no sentido mais lato, é o local onde colocamos em prática muitas das nossas opções de vida. Estou a pensar no valor atribuído ao que se come, ao modo de preparar, à forma de servir, ao aproveitar e reciclar de alimentos, enfim todas aqueles pequenas decisões diárias muitas vezes inconscientes mas que acabam por ter mais significado do que aquele que lhe atribuímos. Tomar um chá é o exemplo de uma prática a que podemos atribuir múltiplos significados.

O meu ritual do chá, repetido várias vezes ao dia quando estou em casa, passa primeiro por escolher o tipo de chá, variável em função do horário. Depois colocar a água (Luso) na cafeteira e acertar a temperatura. Ter o cuidado, mesmo quando não se trata de um chá verde, de nunca deixar a água entrar em ebulição. Enquanto decorre este processo utilizo a espátula de madeira de cerejeira, para colocar as folhas no bule de vidro. Sobre elas verto a água com suavidade e logo de seguida viro a ampulheta para marcar o tempo. Gosto de ficar a observar as folhas que de forma lenta e gradual vão tombando no fundo do bule, por isso sirvo-me de um recipiente de vidro nesta fase. Aguardo de forma paciente que a areia fina passe pelo estrangulamento da ampulheta, enquanto escolho as chávenas/canecas e o bule para onde vou passar o chá, com a ajuda de uma coador de bambu. Depois é o prazer de beber o chá, aquecendo as mãos na chávena e sentindo o sabor e aroma que se desprendem deste precioso líquido. Observar a cor e o grau de transparência, deixando o tempo fluir. O "ruído do mundo" só é retomado a seguir.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Risotto de grelos - um jantar em honra da Mar

Este é o relato de um jantar dedicado à Mar, que me desafiou a fazer pela primeira vez um risotto a dois tempos: o primeiro essencialmente terapêutico e o segundo dedicado em exclusivo ao prazer da degustação. Segui à risca a prescrição, sem qualquer tipo de inovação substancial nem limitações às quantidades de alguns ingredientes. Deixei fluir o tempo sem preocupações. O arroz e os legumes fundiram-se num sabor único, que foi apreciado num jantar em que a Mar foi convidada virtual. Por isso, achei que a mesa deveria ter uma decoração com alguns elementos que remetessem para o universo que a Mar nos transmite no seu blogue, mas ao mesmo tempo intencionalmente minimalista para fazer destacar o risotto.


Na preparação do risotto comecei por preparar um litro de caldo de legumes, que mantive sempre bem quente. À parte, fiz um refogado com azeite, 4 cebolas novas com talos verdes e 2 cenouras picadas. Dexei os legumes começarem a ficar transparentes e nessa altura juntei os grelos de nabo já arranjados. Fui revolvendo até a hortaliça murchar, momento em que adicionei 1 chávena almoçadeira de arroz arborio. Continuei a mexer para permitir ao arroz absorver a gordura, o que levou poucos minutos. De seguida, deitei no tacho um copo de vinho branco (Bucelas - Prova Régia). Deixei absorver o vinho, mexendo com regularidade. Depois juntei 1/2 litro de caldo de legumes e fui mexendo de vez em quando até absorver o liquido. O processo repetiu-se com o restante caldo, aumentando a frequência mas diminuindo as quantidades de caldo adicionados. Até que o processo ficou completo e o arroz estava cozido e cremoso. Foi a altura de temperar de sal e de juntar uns pinhões, mexendo de novo. Por último, chegou a vez de adicionar 1 colher de sopa de manteiga e uma quantidade razoável de queijo parmesão.

O resultado foi excelente, recebeu grandes elogios que se traduziram num tacho que ficou completamente vazio, depois de alguém ter repetido por três vezes o risotto.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Caril verde tailandês de frango e nabos

Ontem, à tarde, tive oportunidade de regressar à loja de produtos indianos, que fica perto do Saldanha. A visita saldou-se pela compra de alguns produtos interessantes, entre eles a pasta de caril verde tailandês que há tanto tempo estava na minha lista de compras. Fui avisada pelo dono da loja que era muito picante, mas mesmo assim não desisti. Como tinha em casa peito de frango e uma grande quantidade de nabos biológicos, resolvi que seriam estes os ingredientes base para o caril.

Comecei por refogar 3 cebolas pequenas (picadas) com azeite a que misturei depois 2 colheres de sopa da referida pasta de caril. Depois, como não tinha leite de coco, adicionei o leite e o coco separadamente, de modo a obter uma quantidade suficiente de liquido para cozer, durante 20 minutos, 3 peitos de frango, cortados aos bocados. Ao frango juntei ainda os nabos biológicos (pequenos), troceados aos gomos. Cozeu tudo em fogo lento e no final adicionei metade de um molhe de coentros picados e uma colher de chá de mayzena para engrossar um pouco o molho.

Acompanhei com arroz cozido em água aromatizada com curcuma e cominhos. Para além disso aqueci dois pães naan que foram muitos úteis para aplacar o ardor do caril. Quanto aos nabos considero que foram uma excelente opção.