segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os biscoitos e a economia

Um destes dias, ao atravessar a sala em direcção ao terraço com um regador na mão, tendo como único objectivo regar umas plantas, deparo-me com um livro, em cima de uma das muitas pilhas dispersas pelas várias superfícies, que me atraiu logo a atenção. Ao ponto de me fazer esquecer as plantas. Pousei o regador e sentei-me a folhear o livro. Intrigou-me a capa. Uma mulher loira vestida e penteada com uma estética dos anos 60, que transporta sorridente um tabuleiro de biscoitos. Por outro lado, um título provocador, ainda mais nos dias que correm em que o tema domina os noticiários, debates e jornais. O meu marido olhava para mim perplexo, porque os livros de economia nunca me atraíram. Perguntava-me o que via naquele, em particular, para estar tão interessada. Claro que eu penso que aos homens falta sempre alguma sensibilidade para compreenderem o impacto que uma capa deste género coloca a alguém do sexo feminino. Qual o significado desta imagem? É isso que ando a procurar desvendar, embora à partida tivesse uma hipótese de trabalho que as primeiras páginas do livro ajudaram a consolidar.

Claro que os biscoitos da fotografia devem corresponder a pequenas bolachas cheias de manteiga, de açúcar, de ovos, etc., o típico numa economia em desenvolvimento do pós-guerra. Imagino uma dona de casa americana, uma espécie de Martha Stewart da época. Ou talvez não seja esta uma boa analogia. Creio mesmo que não. Há aqui um mistério a ser desvendado em todo o seu detalhe se é que isso vai acontecer. Fica porém a vontade de ler um livro de economia.

Mas como nós estamos em "crise" o meu objectivo único é reduzir as despesas domésticas na rubrica "biscoitos", que disparou desde que o meu marido descobriu uns biscoitos de aveia no BRIO. Por isso, os meus biscoitos não têm a delicadeza dos que observamos na capa do livro. Pelo contrário. São escuros e ásperos, denso na constituição, mas com aromas nacionais e patrióticos que lhe são dados pelo Vinho do Porto. Autênticas rochas de resistência a todos os delírios económicos que nos anunciam. Afinal um biscoito e um bom livro são a melhor receita em tempos difíceis, sejam eles de que natureza forem.

Depois deste preâmbulo passo então para a apresentação dos ingredientes:

-3 chávenas de chá de farinha de trigo com fermento
- 2 chávenas de chá de farelo de aveia
- 2/3 de chávena de chá de açúcar
- 1/2 chávena de chá de chocolate em pó
- 1 chávena de chá de leite magro
- 2 ovos
- 1/2 chávena de chá de azeite
- 1/2 cálice de Vinho do Porto
- 1 colher de sopa de baunilha
- 1/2 chávena de passas sem grainha

Tudo bem misturado e colocado num tabuleiro forrado com papel vegetal. Depois é só levar ao forno 10 minutos.

9 comentários:

  1. QUE RICOS BISCOITOS, APETECE DESVIAR UM.
    BJS

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  2. Fa:
    Absolutamente delicioso o seu texto de hoje. E bem patriótico, como todos precisamos.
    Ando para lhe dizer que, inspirada num post seu sobre um livro de gastronomia zen, passei a, sempre que preparo vegetais, sobretudo os verdes, concentrar-me na beleza visual e de toque dos mesmos. Muito repousante e anti-stress.
    Obrigada pela sua maneira de ser e estar e um beijinho.

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  3. Olá, São
    Ficaram mais gostosos do que bonitos.
    bjs

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  4. Olá, Lusitana
    Obrigada pelo que refere no seu comentário. A cozinha tem para mim um efeito calmante. Às vezes é exactamente nos períodos de maior stress que mais tempo lhe dedico.
    bjs

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  5. Fa,
    Que delicia de texto e de biscoitos. Inspiradora como sempre.
    Beijinhos

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  6. Olá, Fa,

    Antes de mais nada, permita-me dizer o seguinte: Não te deixes impressionar e nem tampouco desanimar por notícias de crises econômicas e similares. Com a experiência de quem vive num país que já passou por inúmeras crises, te digo o seguinte: elas passam e podem deixar um saldo muito positivo!
    Quanto aos biscoitos, ficaram com um aspecto bem apetitoso, rsrs.

    Um abraço.

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  7. Olá, Carla
    Obrigada. Foi um desabafo!
    bjs

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  8. Olá, Marly
    Já alguém disse em tempos que os portugueses não se governam nem se deixam governar. Acho que continuaremos assim!
    bjs

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  9. relamenter os biscoitso ficam com um ar muito atraente apetece esticar a mão para retirar uns quantos
    beijinhos

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