domingo, 11 de julho de 2010

Diário de viagem - dia 9

O dia começou encoberto e quente. Esporadicamente cairam alguns pingos de chuva que se evaporavam de imediato, aumentando o calor sufocante que se fazia sentir logo cedo. Escutaram-se também alguns trovões, mas tímidos! Depois do pequeno-almoço sentámo-nos na esplanada da Plaza de Touros, apreciando uma cena que poderia fazer parte de um filme do Almodôvar. Um grupo de homens e mulheres ainda jovens caiavam as paredes da praça num ritmo lento, mas acompanhado de um linguajar animado e castiço. Uma das mulheres, de vez em quando, atravessava a passadeira vermelha, colocada em cima da arena, bamboleando-se com um balde de plástico para ir buscar água ao outro lado da praça. A cena não necessitaria de música de fundo, porque as cores, o ambiente e a cadência do andar, nos conduziam sem dúvida aos acordes de um paso doble.

Seguiu-se novo almoço numa cantina universitária, desta vez com direito a gazpacho e a paella, os quais não justificaram honras de fotografia. Já o mesmo não se pode dizer da visita ao Parque Mineiro de Almadén, aberto ao público em 2008 e vocacionado para o geoturismo. Devidamente equipados descemos até 50 metros de profundidade para visitar antigas galerias que agora estão integradas num complexo museológico. Depois de uma hora no interior da Terra, que passou rapidamente, fizémos parte da subida à superfície num comboio adaptado a partir de antigos vagões.

De regresso ao centro de Almadén resolvemos comemorar a nossa última noite na cidade, para esse efeito fomos jantar ao El Cordobés que nos tinha sido referenciado como genuíno e não sendo caro. Foi lá que comemos o melhor gazpacho desta estadia espanhola, devidamente homogeneizado e passado provavelmente por um "chino", acompanhado com pedacinhos de pimentos vermelhos, verdes, pão torrado e pepino. Seguiram-se os habituais pratos compartidos, entre eles o alboronia, típico da região da Andaluzia e de origem árabe, um tipo de "pisto" que se destaca dos habituais por na sua composição entrar em grande percentagem a beringela. A seguir, partilhou-se também um guarrillo frito, que não é mais do que leitão frito, cortado em troços pequenos.


Uma das especialidades que vi à venda em vários locais foram frascos de beringelas pequenas, recheadas com pimento vermelho, em conserva de vinagre. Também vendiam pisto de conserva. Infelizmente, nesta altura, o peso das malas já não me permitia fazer mais compras.

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