A minha relação com o peixe não é muito pacífica. Estou constantemente a ser acusada de “assassinar” (duplamente!) o peixe, quando em casa ou nalgum restaurante me atrevo a escolher um exemplar grelhado ou assado. Começam logo por olhar para mim com ar crítico, imaginando à partida o estado deplorável em que eu vou deixar o animal, isto é, não aproveitando as suas polpas e sucos até ao último infinitesimal de matéria. Por sua vez, quando termina o que o meu marido designa pelo martírio das espécies piscícolas, surge sempre um empregado que antes de levantar o prato me pergunta com ar suspeito se o peixe não estava bom. Acreditem, que esta cena faz parte do meu dia-a-dia. Mas como tudo na vida, tem uma justificação!
A minha infância foi passada em África e muitas vezes em terras do interior onde não existiam hospitais, por isso fui educada a não comer as barrigas nem as cabeças dos peixes, evitando deste modo problemas provenientes da ingestão de alguma espinha. Confesso que ainda hoje não consigo ultrapassar este hábito (trauma), lamentável no dizer do meu marido. Por isso fujo (literalmente!) dessas ameaçadoras peças cartilagíneas e esqueléticas.
É neste contexto que surgem receitas como esta - pescada "escondida", cujos métodos de preparação também não foram os mais tradicionais. Comecei por fazer um refugado com azeite e uma cebola picada a que juntei duas folhas de louro. Depois adicionei a polpa de quatro postas de pescada, já sem pele nem espinhas, mas ainda cruas. Confesso que foi por preguiça que não dei uma fervura prévia ao peixe, o que certamente teria facilitado o retirar das polpas. Adicionei ao mesmo tempo do peixe um pouco de vinho branco e 1 colher de chá de curcuma (açafrão-das-Índias). Deixei apenas cozinhar o peixe. À parte, cozi batatas às rodelas de 0.5 cm, mas deixando-as ainda um pouco cruas. Num prato de ir ao forno, barrado com margarina, coloquei uma camada de batatas e a seguir o peixe, terminando com nova camada de batatas, desta vez tendo o cuidado de formar uma espécie de escamas. Por cima deite um molho bechamel feito com azeite a que juntei no final uma colher de SAVORA. Levei ao forno cerca de 20 minutos e já no final polvilhei com queijo parmesão ralado. Nota: embora não refira o sal, este foi adiocionada, em quantidades moderadas, nas várias fases da preparação.
eu por acaso tambem nao como as cabeçinhas dos peixes. manias:-)
ResponderEliminaresta uma delicia esta pescada.
beijinhos e bom fim de semana